Isso basta para dizer o quanto é importante que as bandas de hoje gastem menos tempo decidindo a cor das roupas (oi, Cine) e mais energia pensando em um clipe que vá além do #digno.
Obviamente, o melhor vídeo do mundo não adiantaria de nada se a música fosse tão ruim que despertasse em você uma vontade de ter nascido surdo.
É por isso que, de forma totalmente anti-democrática e baseada apenas no meu amor por levar a música que considero boa ao próximo, decidi fazer uma lista dos 10 vídeos que são a cara de 2009.
A lista é aleatória, não se prende a um só estilo e procura juntar boa música e bons vídeos. E bom, você sabe, é relativo. Mas, se você está aí, de bobeira e quer conhecer coisas novas, pode ser útil.
Hockey
Bandas que param em frente a uma câmera e acham que, assim, está feito o vídeo, deveriam ser expulsas do planeta. Sério. Quer coisa mais chata do que ver três caras, suas guitarras e baterias e microfones e nada mais? Chato. Preguiçoso. Desinteressante. Cara de pau.
Poderia ser o caso de Hockey neste clipe que felizmente se salva pelos efeitinhos coloridos, pela Miss Sunshine crescida, pelo clichê-nerd e, claro, pela música: uma coisa meio Bob-Dylan-meets-disco feita por estes quatro guris de Portland.
Sabe quando você vai para uma festa e espera que o DJ seja legal o suficiente para tocar aquela música que melhora o dia (well, noite) de qualquer um? Pois bem. Nunca acontece comigo.
Esta tem sido minha sina dos últimos meses. Até hoje, só ouvi Hockey em uma festa. Já pensei em desenhar o nome da música e da banda em uma placa, subornar o DJ, trancá-lo no banheiro e assumir as pickups por uns quatro minutos, entre outros.
Esta coluna é a última aposta antes de iniciar as tentativas desesperadas de ouvir Song Away na pista.
Dizzee Rascal
Uma das listas que fiz nesta década chama-se Pessoas e Bandas que Podem Fazer Vídeos Meia-Boca. Nela estão nomes como At The Drive-In, Crystal Castles e Dizzee Rascal, só para citar alguns.
E, veja bem, este não é um clipe meia-boca. Só não é a melhor coisa que apareceu no mundo nos últimos anos.
De qualquer forma, a música compensa tanto que, aposto, em três minutos, você estará com o refrão grudado na ponta do córtex temporal. (Some people think I’m bonkers, But I just think I’m free, Man I’m just living my lif,. There nothing crazy about me. Gênio da psicologia)
Se você curte grime, grindie e/ou hip hop com sotaque britânico e ainda não ouviu Tongue’n’Cheek, quarto disco lançado pelo Rascal, em setembro deste ano, corre que dá tempo.
Em defesa do clipe, digo que ele melhora depois do primeiro minuto.
La Roux
Em um mar de mocinhas bastante sem sal, surge Eleanor Jackson para salvar 2009. Ela é a metade interessante do La Roux, um duo de synth pop britânico. O David Bowie desta década. Andrógina, esquisita, não ri muito e fala pouco.
Mas é responsável por aquele tipo de disco que você deixa tocar do começo ao fim e nem tem coragem de deletar alguma música. Músicas que citam amor e relacionamentos sem parecer uma coisa melodramática.
Os vídeos apenas reafirmam a personalidade da guria: uma incógnita bonita de se ver.
Phoenix
Tem algumas coisas estranhas sobre os caras do Phoenix. Quando ouvi Lisztomania estava certa de que conhecia a música e tinha o álbum. Isso, claro, é um indicativo de que o som não é de todo original. Mas, boy, ainda assim, é muito bom.
Na estrada desde 1999, eles voltaram ao status de queridinhos em 2009, com o lançamento de Wolfgang Amadeus Phoenix e não há festa verdadeiramente indie sem a música mais conhecida e citada anteriormente.
O que é estranho sobre eles? Não o fato de o vocalista ser praticamente o irmão-perdido de Neil Gaiman, tamanha a semelhança, mas as companhias: eles abriram shows de Dido, Air e Lenny Krawitz, num passado distante (!?!).
No mais, eles fazem o que toda boa banda de indie rock faz: canções rápidas com riffs pegajosos. Mas há um diferencial: soa como o filho francês de Vampire Weekend com Whitest Boy Alive. Por isso é recomendadíssimo.
Lady Gaga
Uma vez a cada 235 anos, o mundo pop produz obras que deixam até o mais ortodoxo indie sem fôlego. Tenho que dizer, meus amigos, que Bad Romance faz isso.
Perdi as contas de quantas vezes vi este maldito clipe desde que foi lançado. Na verdade, parei de contar pois a situação estava fora dos limites humanos de normalidade.
Desculpa pai, desculpa Brasil, mas sou obrigada a dizer: um dos clipes mais comerciais do ano é também um dos melhores. Primeiro porque subverte o pop e as gostosonas do pop.
Geralmente, você joga meia dúzia de mulheres lindas (ou uma Beyonce) e ninguém mais presta atenção na música fraquíssima. Aqui não.
Temos uma canção poderosa e uma Lady Gaga absolutamente linda mas freak. Mais do que nunca. Seja pelos olhos alterados digitalmente, pela caveira de morcego que usa como enfeite de cabelo ou pela silhueta macabra.
Além disso, tudo é ameaçador e frio. Mas não aquela coisa manjada de filme de terror que usa e abusa de ambientes escuros. Na Bath Haus of Gaga os ambientes são brancos e transparentes como a vodka bebida pelos mafiosos que aparecem no vídeo.
Provavelmente vou me arrepender de ter escrito algum dia. Mas, até lá, vou grudar o olho na tevê pra admirar o cadáver carbonizado, as danças estranhas, o vestido-urso, os tons de vermelho, o susto inicial, os cristais, os monstros e tudo mais o que for possível. (Clique na imagem abaixo para acessar o vídeo)
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